The National Museum of Natural History and Science is the proper place for the exhibition Detour by artist Sofia Arez as a space of intersection of Science and Art. The connection of this exhibition with the Museum is immediate since its theme is part of a naturalist approach in close connection with the research generated here and provides the sharing of knowledge, thus contributing to the coexistence of both cultural sensibilities. In order to cross publics and dissolve the archaic boundaries between Art and Science, the museum intends not only to contribute to make visitors feel their connection, but also to make them aware of Nature as a creative potential to be preserved.
It is an exhibition where the paradigm is the free interpretation by the artist of a practice normally used in communication and dissemination in Science. Here discipline and method are imposed, in such a way that it can be mistaken by an exhibition of scientific illustration. The hybrid territories seek to demonstrate the infinite capacity of verbal extension of the image.
In our time there is almost no rurality, our references are mainly urban. This exhibition positions us in a past imperfective in which Sofia Arez creates her drawings from walks in search of her mushrooms, a moment before the present, but which has not been completely finished, remains open and extends to the present to build the future. The artist walks through nature, allowing it to be produced and reproduced. There is a ritualistic dimension to this work. The result of this fascination, this search, is reflected in this exhibition: “Nature recreated to our image and likeness: we within it and it polarizes our aesthetic feelings” (Albero Carneiro, in Notes for an Ecological Art Manifesto).
The contemporaneity of the exhibition Detour meets the exhibition Mushrooms: The Art, Design and Future of Fungi which is on show at Somerset House in London, curated by Francesca Gavin. The curator gave a lecture where she explored the contemporary re-evaluation of mushrooms, the advances in mycelium as a sustainable material and as a metaphor for our entangled existence. Sofia Arez builds a narrative associated with art itself to experience another temporal perspective in her aesthetic approach, the drawings that make up this exhibition are a personalization of Nature. The drawing is not only a component of transmission of visual content, but also a transmission of emotional content that leads the viewer to play an active role in the dialogue with the work of art: “No serious writer, composer, painter has ever doubted, even in moments of strategic aestheticism, that his work bears on good and evil, on the enhancement or diminution of the sum of humanity in man and the city.” (George Steiner, in Real Presences).
The exhibition allows the mediation of art with science at the moment when the artist’s gaze intersects with that of ‘researcher’. Whether in representation as a connotation, or as poetics, or as figurative language, what characterises the exhibition Detour is the fact that it constitutes a possibility of representation and the importance of the technique and the medium used, giving rise to a variety of detours.
“Human beings keep hidden to many fathoms of depth a dream of happiness with which they wish to communicate. In a time when he has turned his back on nature, the human being has not ceased to need the coexistence with the great spaces, in the open air”. (José Tolentino Mendonça, in O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas, translated by the editor).
A eterna procura do cogumelo mágico
O Museu Nacional de História Natural e da Ciência é o lugar próprio para a realização da exposição Desvio da artista plástica Sofia Arez enquanto espaço de intersecção da Ciência com a Arte. A ligação desta exposição com o Museu é imediata uma vez que a sua temática se insere num contexto de abordagem naturalista em estreita ligação com a investigação aqui gerada e proporciona a partilha do conhecimento contribuindo assim para a convivência de ambas as sensibilidades culturais. Com o intuito de cruzar públicos e dissolver as arcaicas fronteiras entre Arte e Ciência o museu pretende não só contribuir para que os visitantes sintam a sua conexão, mas também sensibilizá-los para a Natureza como potencial criativo a preservar.
Trata-se de uma exposição onde o paradigma está na livre interpretação pela artista de uma prática normalmente utilizada na comunicação e divulgação em Ciência. Aqui a disciplina e o método impõem-se, de tal modo que pode ser confundida com uma exposição de ilustração científica. Os territórios híbridos procuram demonstrar a infinita capacidade de extensão verbal da imagem.
No nosso tempo já quase não existe ruralidade, os nossos referenciais são sobretudo urbanos. Esta exposição posiciona-nos num pretérito imperfeito no qual Sofia Arez cria os seus desenhos a partir de caminhadas à procura dos seus cogumelos, um momento anterior ao atual, mas que não foi completamente terminado, continua em aberto e estende-se ao presente para construir futuro. A artista percorre a natureza, permitindo que esta se produza e reproduza. Há uma dimensão ritualística neste trabalho. O resultado desse fascínio, dessa procura, reflete-se nesta exposição: “A natureza recriada à nossa imagem e semelhança: nós dentro dela e ela polarizadora dos nossos sentimentos estéticos” (Albero Carneiro, in Notas para Um Manifesto de Arte Ecológica).
A contemporaneidade da exposição Desvio vai ao encontro da exposição Mushrooms: The Art, Design and Future of Fungi que está patente na Somerset House em Londres, com curadoria de Francesca Gavin. A curadora proferiu uma palestra onde explorou a reavaliação contemporânea dos cogumelos, os avanços no micélio como material sustentável e como metáfora para a nossa existência entrelaçada. Sofia Arez constrói uma narrativa associada à própria arte para vivenciar uma outra perspetiva temporal na sua abordagem estética, os desenhos que compõem esta exposição são uma personalização da Natureza. O desenho não é somente um componente de transmissão de conteúdos visuais, mas é também transmissão de conteúdos emocionais que leva o espectador a ter um papel ativo no diálogo com a obra de arte. “Nunca nenhum escritor,
compositor ou pintor sério duvidou, nem mesmo durante os momentos de esteticismo estratégico, de que a sua obra tratasse do bem e do mal, do enriquecimento ou delapidação da humanidade do homem e da cidade.” (George Steiner, in Presenças Reais).
A exposição possibilita a mediação da arte com a ciência no momento em que o olhar do artista se cruza com o de ‘investigador’. Seja na representação enquanto conotação, enquanto poética, enquanto linguagem figurada, o que caracteriza a exposição Desvio é o facto de se constituir como possibilidade de representação e na importância da técnica e do médium utilizado, originando uma variedade de desvios.
“Os seres humanos mantêm escondido a muitas braças de profundidade um sonho de felicidade com o qual desejam comunicar. Num tempo que virou costas à natureza, o ser humano não deixou de precisar do convívio com os grandes espaços, a céu aberto.” (José Tolentino Mendonça, in O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas).